VENEZA

Cravam-se os olhos ali longe, enquanto o barco se arrasta lentamente pelas águas, na imponência arquitectónica da face da cidade lambida por canais, Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1987.  

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Deixou Veneza de ser essa cidade retratada nas pinceladas de Canaletto? Esses canais capazes de respirar entre as gôndolas, ausentes de barcos e de motores que agora rugem pelas águas venezianas? Nos quadros que retratam a Praça de São Marcos arrastavam-se os vestidos longos em passos compassados, hoje grande cartão postal dos milhares de turistas que, dia após dia, inundam as ruas de Veneza.

 

Longe dos ruídos dos automóveis, quando nos afastamos das multidões de turistas ainda se escutam o som dos sapatos a calcorrear as pedras largas das calçadas de Veneza, os gondoleiros assobiam e cantam à medida que empurram os barcos, o corpo listado numa dança de pés contra as paredes e braços agarrados ao remo. Como escreveu um dia Guto Graça "Veneza foi o lugar aonde o homem brincou de ser Deus. Construiu a mais bela cidade feita pela mão do homem". Discutível, claro está!

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Esta não é uma típica viagem turística a pisar os locais 'obrigatórios'. É uma viagem visual onde nos perdemos por pontes e ruelas, canais, monumentos e gondoleiros, com pausas para massa al pomodoro e funghi. Uma viagem visual que se estende até à ilha Lido di Venezia para apreciar Veneza desde a outra margem, com a distância merecida, levando os olhos desde os canais quase sem tráfego até ao Mar Adriático, onde nos perdemos imaginando as curvas da Eslovénia e da Croácia.

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